As bruxas ontem e hoje

   

    O imaginário popular imagina a bruxa como uma velha encarquilhada e que usa de sortilégios mágicos para conquistar os homens e comer criancinhas (sem nenhum trocadilho maldoso). No sabath mágico do ideário da idade média realizavam os rituais onde invocavam o próprio satã para possuí-las, de onde retiravam seu poder maléfico.

    Claro que este fato distorcido sobre os rituais pagãos levaram diversas mulheres à fogueira durante os períodos da Inquisição na Europa. A Igreja Católica usou diversas mentiras sobre a velha religião para calar e colocar as mulheres em seu devido lugar. Foram para fogueira principalmente curandeiras, parteiras, ou quaisquer espíritos femininos que apresentassem pensamento livre e não subserviente. 

    Durante a era mitológica as bruxas eram seres muito próximos aos deuses. Por exemplo a feiticeira Circe, filha da deusa do submundo Hécate; morava em uma ilha paradisíaca Eana, onde foi exilada (um exílio paradisíaco), e costumava transformar os homens que aportavam na ilha em animais, como descobriu Ulisses na Odisséia de Homero. Ela possuía o poder de uma deusa, porém seu corpo era mortal, e Ulisses se aproveitou deste fato para libertar seus homens.

    Hécate, a deusa do submundo,  da lua em seu aspecto noturno, negro e também das encruzilhadas, onde geralmente se enforcavam os criminosos. Um fato interessante sobre as encruzilhadas onde haviam enforcados é que em algumas tradições ali se encontrava a erva chamada mandrágora. Reza a lenda que os homens enforcados ejaculam e o sêmem que cai na terra produz esta erva especial muito parecida com um homúnculo, por isso ótima para magia.

    A deusa Hécate também era chamada de Hecatae, pois ela também podia se apresentar sob três formas, a jovem, a mãe e a avó, assim como a lua aparece sob três formas, a crescente, a cheia e a minguante. Não vemos a lua nova e esta é associada a Lilith, outro ser do submundo relacionado a magia em várias correntes antigas e atuais e que aparece em vários contos mitológicos como uma deusa-mulher-demônio. Na tradição cabalística Lilith foi a primeira mulher criada por Deus, porém como não se submeteu ao outro sexo foi jogada fora do paraíso e condenada ao inferno.

    Hécate é cultuada até hoje nos rituais wiccans.

    Outra filha de Hécate foi Medéia, em outros contos era sobrinha de Circe. Era uma feiticeira poderosa e que aparece nos contos de Jasão e os Argonautas. Medéia era capaz de devolver a juventude às pessoas. Se apaixonou por Jasão e o auxilou na empreitada contra seu pai, o rei Eetes da Cólquida. Através de seus sórtilégios Jasão pôde vencer os touros que soltavam fogo pelas narinas e lavrar os campos, e vencer o exército nascido dos dentes da Equidina, e assim levar o velocino de ouro de volta à Tessália. Medéia possuía uma carruagem de ouro e pedras preciosas puxada por serpentes que desciam dos céus durante a noite, hora em que praticava sua arte. Existem muitas contradições sobre esta personagem, mas em uma delas, traída por Jasão, mata a rival e vinga-se do marido matando os filhos.

    Na mitologia, ou no paganismo os rituais de mulheres feitos para mulheres e somente para olhares das mulheres ainda hoje é um tabu ao sexo masculino, talvez a fonte de todas as atribulações passadas pelo sexo feminino, até mesmo ao surgimento de sociedades secretas tidas como masculinas.

    Os pensamentos de elevada moral e não subserviência daquelas que pereceram pela brutalidade, incompreeensão e mesmo interesses excusos de seu sexo companheiro não apagaram a chama que ainda vive e queima no coração das bruxas modernas.

    A wicca, a religião do velho mundo ainda conserva viva o ideário da deusa mãe do poder da mulher.

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